domingo, 7 de outubro de 2007

Fiat lux!

Antes de acharem que recomeço a blogar com patrocínio de palitos de fósforo, carros italianos ou sabonetes glicerinados, já esclareço que essa expressão em latin que significa: faça-se luz. E a expressão foi atribuída a Deus durante a criação do mundo no momento em que o dia era criado.


E também não é um post de cunho religioso mas é relacionado à um milagre da natureza: o vaga-lume.

O vaga-lume possui esse nome devido a capacidade de emitir luz intermitentemente e por sua natureza vagante, por assim dizer. Ele também é conhecido como pirilampo, nome proveniente do grego, pyris (pyros) = calor, lampis = luz. Além destes nomes, eles também podem ser chamados de: lampíride, lampírio, lampiro, lumeeira, lumeeiro, mosca-de-fogo, pirifora, salta-martim. Vários brasileiros, alguns de origem lusitana.

E nomes são o que não faltam para este ser luminoso: glow worm (em inglês), luciérnagas (em espanhol), lucciola (em italiano) ou seu nome científico lampyris noctiluca.

Veja mais detalhes abaixo:

Classificação Científica
ClassificaçãoDescrição
ReinoAnimalia
FiloArthropoda
ClasseInsecta
OrdemColeoptera
FamíliaLampyridae
GêneroLampyris



Essa é a espécie mais comum de pirilampos do Brasil. Outros insetos também têm a habilidade de emitir luz como as Elateridae e Fengodidae.



Os lampirídeos tem o ciclo biológico longo. A fêmea, com seu corpo frágil e cor de terra, pode somente arrastar-se no chão e são comumente confundidas com minhocas. Para compensar a falta de asas pequenas glândulas que segregam luciferina foi desenvolvida. Assim, o macho que é alado, tem a capacidade de enxergar a fêmea na terra e assim procriarem.



A larva é muito parecida com a fêmea adulta. Geralmente se alimentam de lesmas e caracóis, mas ela é capaz de comer até criaturas muito maiores que ela injetando-lhes um líquido paralizante. O estágio larval dura seis meses, a maior parte passada debaixo da terra. Habitam matas, campos e cerrados, preferindo os lugares úmidos e alagadiços como os brejos.



Suas lanternas ficam no ventre e variam de tamanho e disposição. Emitem luz esverdeada intermitente durante as poucas horas do enterdecer. Os lampejos equivalem ao início do namoro, mas também podem servir como instrumento de defesa ou para atrair a caça. Ao emitir a luz, a fêmea do vaga-lume corre o risco de atrair não apenas o vaga-lume macho como também predadores como carangueijos, aves e rãs.



Ok. Já sabemos o bastante sobre suas vidas mas, como eles geram essa luz?



A fosforescência decorre-lhes de uma reação entre um fermento e outras substâncias químicas. Uma molécula de luciferina é oxidada pelo oxigênio, ocorrendo assim a formação de uma molécula de oxiluciferina, que é uma molécula energizada. Quando essa molécula perde sua energia, passa a emitir luz. A enzima responsável pelo processo de oxidação é a luciferase. As luciferases são proteínas compostas por centenas de aminoácidos e é a sequência de aminoácidos que determina a cor da luz emitida por cada espécie de vaga-lume. Para cada molécula consumida, um fóton de luz é emitido.



Esse é um processo chamado de "oxidação biológica" ou bioluminescência e permite que a energia química seja convertida em energia luminosa sem a produção de calor.



A maior parte dos animais bioluminescentes do mundo está no oceano e não na terra. Recentemente cientistas de Taiwan divulgaram imagens de porcos que, aparentemente brilham no escuro. Feito alcançado por uma equipe que injetou proteínas verdes (green protein) de águas-vivas no DNA dos porcos. Seu objetivo não era fazer uma carne mais light (entendeu? light) ou um mascote fiel para os palmeirenses mas sim criar uma geração de porcos imunes a determinadas doenças.



Gostou? Vai uma Costelinha Light aí?